Artista de renome internacional e com trabalhos em mais de 15 países, Eduardo Kobra agora tem um mural para chamar de seu no Rio de Janeiro. O grafiteiro paulista trouxe para a cidade o maior grafite do mundo, com cerca de 3 mil metros quadros, na Orla Conde, região revitalizada da Zona Portuária. O trabalho, batizado como “Etnias” representa os cinco continentes, em alusão aos aros Olímpicos, chama atenção de quem passa pela nova área de lazer do Rio.

grafiti-olimpiadas-rio-aquario (11)

grafiti-olimpiadas-rio-aquario (1)

Confira abaixo uma entrevista com o artista:

  • Como esse projeto chegou até você?

Kobra: Quando fui convidado, por acaso estava no Rio. Bati o olho nesse muro na Zona Portuária e fiquei bastante interessado em pintar. Tinha outros prédios, mas esse foi o que mais me impressionou, pela dificuldade e pela complexidade do mural, pelo desafio de realizar esse trabalho. Está sendo uma ótima oportunidade porque eu queria muito ter um mural público aqui na cidade. Para isso, cancelei três compromissos internacionais.

  • Esse é o seu maior trabalho, quais os maiores desafios de fazer um desenho tão grande?

Kobra: O desafio vem em vários níveis, a logística é bem complexa, tem o trabalho de produção além da criação, tivemos que mobilizar muito material. São três mil latas de spray, mais de 70 galões de tinta acrílico. É um trabalho de cerca de 40 dias. Eu passei mais de dois meses desenvolvendo o desenho para chegar a uma imagem que fizesse sentido para o Rio e para as Olimpíadas. Algo que ficasse de legado mesmo ao fim dos Jogos.

  • Como você chegou a este desenho?

Kobra: A ideia é falar dos povos, da união das culturas, dos costumes, das religiões. Esse mural foi um desdobramento de outras coisas que eu já venho fazendo. Resolvi juntar os cinco continentes através dos nativos de cada um deles, pedindo a união dos povos e a pacificação do mundo, neste momento complicado. Quis misturar tudo, várias crenças, etnias. Essa mistura de povos é do DNA do Rio, não só pelas Olimpíadas, mas pela história da cidade de receber gente do mundo todo. O desenho lembra que somos todos do mesmo lugar, temos a mesma origem. Com tantas guerras e separações, quero justamente mostrar que é possível ser o contrário.

Na ordem de quem vem da Praça Mauá, a primeira imagem é africana da tribo MURSI, região da Etiópia; segunda é da tribo Karem da Tailândia, na Ásia. Seguido pelo índio Tapajó representando as Américas, pela tribo Chukchis da Sibéria e fechando com a tribo Hulis, da Oceania.

  • É simbólico fazer uma obra em um momento tão importante para cidade?

Kobra: As Olimpíadas não são apenas para o Rio, é um motivo de orgulho para todo brasileiro. Sei que temos vários problemas importantes e sociais, mas acho que são coisas separadas. Vem gente de todos os lugares, acho muito bonito a celebração dessas culturas, é um privilégio a cidade do Rio poder receber essa festa.

  • O que essa obra representa para a revitalização dessa área específica que ficou abandonada por tantos anos?

Kobra: Eu tenho trabalhos em vários lugares do mundo, em lugares importantes e muitos em São Paulo mas eu queria muito fazer um no Rio. Além de fazer na cidade, fazer nessa área que está linda. Conheci antes da revitalização e agora, é digno de primeiro mundo, está lindo. Se transformou em uma área de lazer onde as pessoas, famílias passeiam. Acredito que assim como alguns bairros dos Estados Unidos que foram revitalizados, esse lugar tem essa vocação para se tornar um sucesso mundial. Hoje é uma das áreas mais importantes da cidade para os turistas e para cariocas, aos poucos as pessoas vão começa a (re)descobrir essa parte.

grafiti-olimpiadas-rio-aquario (9) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (8) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (7) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (5) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (4) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (3) grafiti-olimpiadas-rio-aquario (2)

Fonte: site cidadeolimpica.rio